25/06/2020

Saudade junina


Festança animada?
Agora é tudo diferente
Pé de moleque, canjica, pipoca
Só se for...
 Na casa da gente!
(Sem aglomerações, por favorzinho!)

Lindo céu, sinto saudade
Da garoa tão mansinha
E o calorzinho amarelo da fogueira?
E o requebrar das bandeirinhas?

Crianças e tranças...
 E tão coloridas danças...
Quadrilha ouriça a meninada 
Buscapé, não pegue no pé...
 De gente miúda de bigode
 Pois ficar triste não pode!

Farei um pedido especial
A um balão iluminado
Que traga de volta meu sonho
Daquele mundo estrelado.

O Pássaro das Sombras

21/06/2020

Poeminha musical


Queria te ver bem de perto 
A ponto de entrar em seu coração 
Dançar reggae lá dentro 
Frevo, valsa
 Samba, baião.

O Pássaro das Sombras

08/06/2020

As lentes de contato do jabuti



Um dia o jabuti recebeu uma herança de sua tatataravó. Era uma grana para ninguém botar defeito e, com ela, dava para realizar qualquer desejo. O jabuti pensou em muitas coisas legais, a primeira delas: queria ter olhos cor de mel. Por isso decidiu comprar lentes de contato.

Então foi à loja da dona barata e adquiriu um par de olhos novos. Feliz da vida, esbanjando charme, sentindo-se um verdadeiro galã de novela, o jabuti voltou para casa rindo à toa. Ele almoçava de lentes, jantava de lentes, dormia e acordava de lentes. Não queria saber de outra coisa a não ser curtir a vida de olhos adocicados. De vez em quando, passava em frente ao espelho e dava uma espiadinha. Sem conseguir disfarçar a alegria pelo novo visual, tirava uma, duas, várias selfies e postava tudo nas redes sociais.

Contudo, numa manhã, ao acordar, decidiu retirar as lentes de contato para lavá-las e as deixou dentro de uma pequena vasilha, perto da pia. Foram apenas alguns minutinhos (porque o jabuti não desgrudava das lentes) e, quando voltou, cadê elas? As lentes de contato haviam DESAPARECIDO!
           
– Oh, que tragédia! Minhas lentes sumiram! Quem foi o criminoso cruel e desumano que teria feito isso? – desesperou-se.

O jabuti entrou em pânico. Gritava, esbravejava, chorava, xingava, pulava, rodopiava, suspirava, plantava bananeira, subia pelas paredes e praguejava. Tudo de uma vez só. Coitado, também não era para menos.

A vizinhança inteira acabou sabendo do caso, de tanto que o jabuti berrava. Lamentava que sua vida agora tinha perdido o sentido... Disse que queria morrer, cair num abismo, sumir, explodir, sei lá! Dramático, escandaloso ele...

Desesperado, o jabuti começou a investigar. Primeiro, procurou Rita, a ratazana. Depois, Tião, o tamanduá; Lu, a lesma, e Francisco, o mosquito. Ninguém sabia de nada. Os amigos voltaram ao local do crime e encontraram pegadas. Minha nossa! De quem seriam?

As marcas eram de pés bem pequenos. Daí foram atrás de Tereza, a única formiga a quem conheciam. Ela morava no Subterrâneo de Titãs, um formigueiro perto dali. Chegando lá, não encontraram a tal suspeita. A formiga tinha viajado em férias com a família. Seria ela a culpada? Por que uma viagem justamente naquele momento? De qualquer forma, não chegaram à conclusão alguma.

Procuraram também a Amarilda, a centopeia chatonilda; Lelé, o sapo com chulé; Janjão, o grilo garanhão; Zoínho, o curiango assanhadinho; Epaminondas Amado, o pato desafinado, e Sincero Ezequiel, o carrapato louco por pastel. Todos inocentes! Depois de 99 suspeitas fracassadas, o jabuti e os amigos desistiram e voltaram frustrados para casa.

Logo na entrada, já tiveram uma surpresinha!

– Oi, filhote – era a mãe do jabuti. – Aqui estão suas lentes de contato, meu amor. Eu as peguei emprestadas para dar uma voltinha. Elas me deixaram uma "gata"... #Amei!

– Ah, não é possível, jabuti!! – gritou a bicharada. Em seguida, saíram todos correndo atrás dele, indignadíssimos.

O jabuti, que não tinha culpa de nada, ainda transtornado com a situação, corria e gritava:

­– Ei, pessoal! Parem com isso! Me deixem explicar...

Mas os colegas não queriam conversa.

– Você nos fez andar quase o mundo inteiro por causa dessas benditas lentes de contato. Agora é você quem vai ficar de olhos roxos!

– Meu Deus! Socorro! Polícia, bombeiros, Ibama! O que isso? Violência, não! – implorava o bicho.

E dizem que até hoje o jabuti está fugindo. Outros garantem que não! Contam que, com o resto do dinheiro da herança, ele comprou uma passagem de avião, primeira classe, e sumiu pra Dubai, chiquérrimo, de lentes de contato, claro!

Pedro Antônio de Oliveira
(Autor do livro "Oreosvaldo, o Pássaro das Sombras" (Editora Lê)

Você sabe a diferença entre um jabuti, um cágado e uma tartaruga? Não!? 
Então clique aqui e fique por dentro!

06/06/2020

Asa aberta


Dizem que 
uma asa delta é que sabe viver.

O Pássaro das Sombras

Pés na areia


Gostaria de morar 
de frente pro mar.
E se a chuva caísse, 
o sol se abrisse, 
eu ficaria a olhar 
um pouco mais
pra fora de mim, 
esse lugar sem fim.

O Pássaro das Sombras