24/12/2020

Ó, Senhor! Deus de Amor!

Já é quase Natal
Uma estrela se apressa
Para cruzar o tempo
Sua luz desponta no universo
Com um brilho tão amigo 
Que devolve a minha esperança
"Isso é um sinal", é só o que penso.

Um Rei, um Príncipe
Viaja agora numa carruagem invisível
Anjos à frente abrem portais
 Ele atravessa as dimensões sorrindo 
Tudo é tão divertido e feliz...
Que o Menino resplandece.

Tão pequenino ainda
E o que importa?
O amor que pulsa em seu coração
É capaz de abraçar o mundo.

FELIZ NATAL COM
SAÚDE, ALEGRIA E AMOR! ♥

O Pássaro das Sombras

19/12/2020

Neste Natal


Neste Natal
Há tanta gente
Sem um amor
Sem um presente.

Neste Natal
Tente ser bom com alguém
Tente amar
Sem ter que comprar.

Neste Natal
Quando a ceia for começar
Abra o portão
Há sempre um alguém para entrar.

Há sempre alguém
Com fome e sem amor
Dê-lhe seu pão e calor
Dê-lhe sua mão.

Roberto Leal e Marcia Lucia

Noite feliz


Noite feliz, noite feliz
Ó, Jesus, Deus da Luz
Quão afável é teu coração
Que quiseste nascer nosso irmão
E a nós todos salvar
E a nós todos salvar.

Joseph Mohr e Franz Xaver Gruber 

19/11/2020

Deu zebra

 

A zebra, 
entediada, 
se fazendo 
de antenada, 
deu um fora nas listras, 
correu o dedo na lista. 

“Êba, uma academia! 
Aberta de noite e de dia!” 

No início, fenomenal! 
“Já me sinto jovial!” 

Mas, depois,
a zebra zebrinha ficou 
todinha ondulada
de tanta musculação
como se viesse ao mundo 
com defeito de fabricação.

O Pássaro das Sombras

12/11/2020

Moreia


Não é uma enguia enguiçada, 
é um elétrico peixe que baila, 
uma olímpica cobra na água,
o mais belo Caramuru 
deste mar azul de espumas. 

Sim, é ela, 
ao lado do amigo, 
o peixe-limpador. 

Por Deus, por amor! 
Não os fisgue, não, 
pescador.

O Pássaro das Sombras

02/11/2020

Onde os livros e as histórias voam!


Alguém aí conhece uma biblioteca sem muros? Uau! Que ideia sensacional, não é mesmo? Pois é. Eu conheço! Foi a bibliotecária Arlete Menezes Leal quem criou! Acesse o canal dela no YouTube com dicas literárias e contações de histórias incríveis! 
Pode clicar também na imagem acima, que você chega lá!

E olha só quem virou a estrela de um dos vídeos! (rsrsrs)

Obrigado, querida Arlete! #SuperAmei

O Pássaro das Sombras

31/10/2020

Credo! Que terror, que barato!


Tarântulas, baratas tantas...
 fantasmas!
Escorpiões, gambás, corujas,
morcegos, ratazanas mandrujas.
Mariposas, lacraias marujas
e delinquentes bichanos 
desguedelhados,
que bagunçam do chão ao telhado.

A madrugada serenada
será pura serenata. 
Oba!
Azar pra alma penada,
que coragem é meu nome.
Chega mais, lobisomem!

O Pássaro das Sombras

25/10/2020

Sem céu


Olha o periquito, 
todo aflito, 
que nem pinto 
com medo 
de virar 
ovo frito.
Que esquisito!

O Pássaro das Sombras

12/10/2020

Fotogênicos


Pepino-do-mar, água-viva, tubarão. 
Siri, cavalo-marinho, peixe-dragão. 
Polvo, anêmona, tatuí escafandrista. 
Tudo fazendo pose pra turista.

O Pássaro das Sombras

05/10/2020

Viajante


Até sob o sol, 
o molenga caracol 
vive sem pressa. 
Vai acabar bronzeado 
na testa. 

No brilho da lua, 
todinho estelar, 
não quer mais acordar. 

Sem risco de se perder, 
em seu risco luminoso, 
ele se arrisca pelos sonhos, 
sem olhar pra trás.

O Pássaro das Sombras

22/09/2020

Que assanhado!


Pula o canguru de Cangurópolis. 
Pula o canguru de Itu. 
Pula o canguru de Lixópolis. 
Pula, pula em Honolulu. 

Tanto salta-e-pula 
até que não me amola. 
Apenas diga, por favor, 
se não há mola 
debaixo desta sola 
dos pés, canguru.

O Pássaro das Sombras

17/09/2020

Mingauuu...

 

À noite, alguns gatos são pardos. 
Outros, bem tapados, coitados. 

Chaninho, de sete vidas, 
perdeu uma de bobeira, 
escorregou na soleira, 
bateu a cuca no batente, 
quebrou uma costela e um dente. 

E saiu repetindo: 
“Leite quente, leite quente, leite quente...”.

O Pássaro das Sombras

13/09/2020

Não lava o pé

 

O bacurau se mudou 
na calada da noite 
para um buriti, 
bem longe dali, 
do outro lado do igarapé, 
porque não aguentava mais o sapo 
e seu cheirinho de chulé.

O Pássaro das Sombras


E lembre-se: pássaro não foi feito para viver em gaiola. Deixe os bichos livres na natureza!

01/09/2020

Nem pisca


A coruja se entrega: 
de olhões arregalados, 
cheios de remela, 
adora uma novela.

O Pássaro das Sombras

30/08/2020

A noite é da bicharada


De dia, o mundo barulha demais, 
tirando nossa paz. 

À noite, pirilampos alucinados 
rompem a escuridão, 
piscando que nem discoteca, 
na pista do meu coração.

O Pássaro das Sombras

29/08/2020

Flanar


Como é leve a vida da borboleta na clara luz da manhã. 
Papel picado, mosaico de cores. 
Será que na vida da borboleta 
não há dores?

O Pássaro das Sombras

18/08/2020

Perder o medo de abrir as asas


Se um dia eu aprender a voar, vou agradecer tanto, mas tanto, que seria capaz até de comer um pudim de berinjela com chuchu, que deve ser horrível.

Se um dia eu aprender a voar, ah... vou voar pra bem longe, sabe, lá no meio do mar, ou bem alto mesmo, acima das árvores mais gigantes que existem. Vou querer voar de dia, de noite... e quando as estrelas estiverem começando a pontilhar o céu no fim da tarde... 

Talvez eu até faça amizade com alguma estrela ou convide uma constelação inteira para um café.

Será que estrela gosta de poesia?

O Pássaro das Sombras

10/08/2020

Para ir à Lua


Enquanto não têm foguetes
para ir à Lua
os meninos deslizam de patinete
pelas calçadas da rua.

Vão cegos de velocidade:
mesmo que quebrem o nariz,
que grande felicidade!
Ser veloz é ser feliz.

Ah! Se pudessem ser anjos
de longas asas!
Mas são apenas marmanjos.

Cecília Meireles

01/08/2020

Saudade


eu pensava que à noite
o sol ia dormir
que o sol ia pra casa
que ia lá pra China
que o sol virava lua
que acabava a pilha
que punha capa preta
que a montanha engolia
que o sol também ficava
com saudade de mim.

Leo Cunha

21/07/2020

Esvoaçantes e sortidos


Sopra forte o vento Norte
E empurra a pipa pelo ar
Cuidado, papagaio colorido
Esse sol vai te queimar.

Dei linha no carretel
Lá longe abracei o céu
Pipinha, pipona...
No avião pega carona?

 Anjos e passarinhos
Subir, descer, afundar...
Distante da rede elétrica
Pipa ama voar!

Sem linha cortante
Sem cerol!
Assim, sim!
Fica legal!

Que delícia
Tudo é ilusão!

25/06/2020

Saudade junina


Festança animada?
Agora é tudo diferente
Pé de moleque, canjica, pipoca
Só se for...
 Na casa da gente!
(Sem aglomerações, por favorzinho!)

Lindo céu, sinto saudade
Da garoa tão mansinha
E o calorzinho amarelo da fogueira?
E o requebrar das bandeirinhas?

Crianças e tranças...
 E tão coloridas danças...
Quadrilha ouriça a meninada 
Buscapé, não pegue no pé...
 De gente miúda de bigode
 Pois ficar triste não pode!

Farei um pedido especial
A um balão iluminado
Que traga de volta meu sonho
Daquele mundo estrelado.

O Pássaro das Sombras

21/06/2020

Poeminha musical


Queria te ver bem de perto 
A ponto de entrar em seu coração 
Dançar reggae lá dentro 
Frevo, valsa
 Samba, baião.

O Pássaro das Sombras

08/06/2020

As lentes de contato do jabuti



Um dia o jabuti recebeu uma herança de sua tatataravó. Era uma grana para ninguém botar defeito e, com ela, dava para realizar qualquer desejo. O jabuti pensou em muitas coisas legais, a primeira delas: queria ter olhos cor de mel. Por isso decidiu comprar lentes de contato.

Então foi à loja da dona barata e adquiriu um par de olhos novos. Feliz da vida, esbanjando charme, sentindo-se um verdadeiro galã de novela, o jabuti voltou para casa rindo à toa. Ele almoçava de lentes, jantava de lentes, dormia e acordava de lentes. Não queria saber de outra coisa a não ser curtir a vida de olhos adocicados. De vez em quando, passava em frente ao espelho e dava uma espiadinha. Sem conseguir disfarçar a alegria pelo novo visual, tirava uma, duas, várias selfies e postava tudo nas redes sociais.

Contudo, numa manhã, ao acordar, decidiu retirar as lentes de contato para lavá-las e as deixou dentro de uma pequena vasilha, perto da pia. Foram apenas alguns minutinhos (porque o jabuti não desgrudava das lentes) e, quando voltou, cadê elas? As lentes de contato haviam DESAPARECIDO!
           
– Oh, que tragédia! Minhas lentes sumiram! Quem foi o criminoso cruel e desumano que teria feito isso? – desesperou-se.

O jabuti entrou em pânico. Gritava, esbravejava, chorava, xingava, pulava, rodopiava, suspirava, plantava bananeira, subia pelas paredes e praguejava. Tudo de uma vez só. Coitado, também não era para menos.

A vizinhança inteira acabou sabendo do caso, de tanto que o jabuti berrava. Lamentava que sua vida agora tinha perdido o sentido... Disse que queria morrer, cair num abismo, sumir, explodir, sei lá! Dramático, escandaloso ele...

Desesperado, o jabuti começou a investigar. Primeiro, procurou Rita, a ratazana. Depois, Tião, o tamanduá; Lu, a lesma, e Francisco, o mosquito. Ninguém sabia de nada. Os amigos voltaram ao local do crime e encontraram pegadas. Minha nossa! De quem seriam?

As marcas eram de pés bem pequenos. Daí foram atrás de Tereza, a única formiga a quem conheciam. Ela morava no Subterrâneo de Titãs, um formigueiro perto dali. Chegando lá, não encontraram a tal suspeita. A formiga tinha viajado em férias com a família. Seria ela a culpada? Por que uma viagem justamente naquele momento? De qualquer forma, não chegaram à conclusão alguma.

Procuraram também a Amarilda, a centopeia chatonilda; Lelé, o sapo com chulé; Janjão, o grilo garanhão; Zoínho, o curiango assanhadinho; Epaminondas Amado, o pato desafinado, e Sincero Ezequiel, o carrapato louco por pastel. Todos inocentes! Depois de 99 suspeitas fracassadas, o jabuti e os amigos desistiram e voltaram frustrados para casa.

Logo na entrada, já tiveram uma surpresinha!

– Oi, filhote – era a mãe do jabuti. – Aqui estão suas lentes de contato, meu amor. Eu as peguei emprestadas para dar uma voltinha. Elas me deixaram uma "gata"... #Amei!

– Ah, não é possível, jabuti!! – gritou a bicharada. Em seguida, saíram todos correndo atrás dele, indignadíssimos.

O jabuti, que não tinha culpa de nada, ainda transtornado com a situação, corria e gritava:

­– Ei, pessoal! Parem com isso! Me deixem explicar...

Mas os colegas não queriam conversa.

– Você nos fez andar quase o mundo inteiro por causa dessas benditas lentes de contato. Agora é você quem vai ficar de olhos roxos!

– Meu Deus! Socorro! Polícia, bombeiros, Ibama! O que isso? Violência, não! – implorava o bicho.

E dizem que até hoje o jabuti está fugindo. Outros garantem que não! Contam que, com o resto do dinheiro da herança, ele comprou uma passagem de avião, primeira classe, e sumiu pra Dubai, chiquérrimo, de lentes de contato, claro!

Pedro Antônio de Oliveira
(Autor do livro "Oreosvaldo, o Pássaro das Sombras" (Editora Lê)

Você sabe a diferença entre um jabuti, um cágado e uma tartaruga? Não!? 
Então clique aqui e fique por dentro!

06/06/2020

Asa aberta


Dizem que 
uma asa delta é que sabe viver.

O Pássaro das Sombras

Pés na areia


Gostaria de morar 
de frente pro mar.
E se a chuva caísse, 
o sol se abrisse, 
eu ficaria a olhar 
um pouco mais
pra fora de mim, 
esse lugar sem fim.

O Pássaro das Sombras

24/05/2020

Recadinhos respondidos #FiqueEmCasa



♥ Olá, seguilovers do Colégio Santa Dorotéia, de Belo Horizonte (MG)! ♥

Amei receber tantos comentários carinhosos no blog! Todos eles foram respondidos, OK? (Ham! Pelo menos, eu acho! - rsrsrs - Espero não ter me esquecido de algum!).

Além dos recadinhos no site, recebi diversas mensagens legais no e-mail. Foi maravilhoso!

Obrigado aos estudantes, às professoras, à coordenação pedagógica, à bibliotecária, à direção, a todos desse colégio lindo!

Ah! E preste atenção! Neste período de isolamento social, fique em casa, leia bastante, desenhe, pinte, veja bons filmes, ouça música, dance e escreva lindas histórias e belos poemas! Aproveite para revelar aquele talento incrível que às vezes você ainda não teve tempo de descobrir! Alimente-se bem, durma, beba água, higienize as mãos! Cuide-se! :)

Um abração bem forte do amigo...

Pássaro das Sombras

14/05/2020

Obrigado de novo, Santa Dorotéia! ♥

Oiê!

Estou muito feliz por receber aqui, no blog, uma montanha de comentários dos meus seguilovers do Colégio Santa Dorotéia, em Belo Horizonte! Fiquem tranquilos porque vou responder todo mundo com bastante atenção! Só esperem um pouquinho, pois são muitas, muitas mensagens! Estou amando! 💗

Acho que é a segunda vez que esse colégio lindo escolhe meu livro para a meninada ler e se divertir!

Muito obrigado pelo carinho!

Abraços apertados do poeta misterioso...

O Pássaro das Sombras

19/04/2020

Nada pode nos separar!


Agora que está todo mundo quietinho em casa, protegendo-se contra o novo coronavírus, o jeito é se encontrar assim, pela internet.

Na quarta-feira, dia 15 de abril, o Pedro Antônio de Oliveira, autor do livro "Oreosvaldo, o Pássaro das Sombras", teve um bate-papo virtual genial com os estudantes do quarto ano do Instituto Educacional Missão Paz, de Belo Horizonte (MG). Quem reuniu todo mundo foi a professora Renata Moura. O encontro contou também com a participação da professora Cristiane Miriam Oliveira. E foi incrível!

O projeto “Animação de Leitura”, promovido pelo colégio, colaborou para o desenvolvimento da imaginação, das emoções e dos sentimentos por meio do hábito de leitura, tudo de maneira prazerosa e significativa. Segundo os organizadores, o trabalho realizado com o livro procurou incentivar o respeito ao próximo, a valorização da amizade e a sempre retribuir um possível gesto de maldade com o bem, já que o personagem principal se comporta dessa forma diante das provocações do vilão da trama.

Na live, a galerinha fez perguntas, comentou os trechos da obra de que eles mais gostaram e ainda sugeriram, quem sabe, uma continuação da história num próximo livro do poeta misterioso.

Outro ponto importante destacado pelos educadores é que o livro do Pássaro das Sombras ajudou cada aluno a refletir um pouco mais sobre o amor próprio. Afinal, o Oreosvaldo não curtia muito seu visual nem seu nome, mas, com o tempo, ele descobre que é único e especial. A história sugere que precisamos nos amar exatamente como somos, evitando comparações. Pois, se possuímos defeitos, também temos virtudes e talentos que nos tornam seres humanos merecedores, sim, da felicidade.

Muito obrigado ao Instituto Educacional Missão Paz pelo carinho e pela generosidade. Parabéns aos professores, à coordenação pedagógica e à direção da escola pelo belo trabalho desenvolvido. Um viva aos estudantes que deram um show de interação, inteligência, educação e afeto! E continuemos nossa caminhada, espalhando o amor, a esperança e a paz!

O Pássaro das Sombras




08/04/2020

Agradecimento: Missão Paz


Olá, amiguinhas e amiguinhos do Instituto Educacional Missão Paz!

Estou muito feliz por receber os recadinhos de vocês! 
Eles já estão publicados lá na página "Deixe um recado!". 

Obrigado a todos(as)! 
Um agradecimento megaespecial à professora Renata Moura.

Um abração enorme e apertado do amigo...

Pássaro das Sombras!

14/03/2020

Invencíveis


Ser um herói...
será que dói?
Herói nem se machuca pra valer.
Não chora,
não perde,
não morre...
Só voa com capa e tudo, contente,
salvando os sonhos do coração da gente.

O Pássaro das Sombras

12/03/2020

A aranha, o grilo e o jacaré


Sabia que a gente nem precisa de muita coisa pra conseguir brincar e ser feliz?
Esse programa, o Castelo Rá-Tim-Bum, passou faz um tempão, mas é uma delícia de assistir! 
Quem aí se lembra?

#Adoro

O Pássaro das Sombras

02/03/2020

A foca


Quer ver a foca
Ficar feliz?
É pôr uma bola
No seu nariz.

Quer ver a foca
Bater palminha?
É dar a ela
Uma sardinha.

Quer ver a foca
Comprar uma briga?
É espetar ela
Na barriga!

Lá vai a foca
Toda arrumada
Dançar no circo
Pra garotada.

Lá vai a foca
Subindo a escada
Depois descendo
Desengonçada.

Quanto trabalha
A coitadinha
Pra garantir
Sua sardinha.

Alceu Valença
(Compositores: Vinicius de Moraes / Sergio Bardotti / Toquinho)

24/02/2020

Cérebro de minhoca


Vizinha das formigas, a minhoca é outra biruta! Rebolativa e apressada quando quer! Quando não quer, vira bicho subterrâneo. Parece que foge, parece que passeia pelo Mundo da Lua! Encolhe, estica, estica e encolhe! Pula e se enrosca, finge de morta e, no minuto seguinte, que nem espoleta, some depressa se encafifando na terra fofa. Bem que gosta de prosa, e nem se toca que atrapalha as formigas que sempre têm mais o que fazer do que ficarem tricotando, tagarelando num ti-ti-ti sem fim na porta do formigueiro.

Minhoca não é tão preguiçosa como dizem por aí as más línguas. Ela trabalha e muito: fura buracos e mais buracos. Será que cava túneis só para as formigas e outros bichos escaparem de congestionamentos? É quase igual ao mundo dos homens em que carro e metrô passam debaixo da terra. Bicho também! Como é boazinha a minhoca.

A família da minhoca cresce a olhos vistos. Teve um dia que, debaixo de uma pedra, estava lá um bolo de minhoquinhas, miudíssimas, agitadas, embaraçadas umas nas outras. Um ninho de minhocas! Bicho nojento, molhado, assustado, desconfiado. Pra começar, de que lado mesmo fica a cabeça dela? Rabo e cachola se parecem a mesma coisa.

E elas? Comem o quê? Terra? Como dá pra saber se a minhoca é minhoca ou se a minhoca é um “minhoco”? É tudo igual. Não vejo diferença, nem cabelo grande, nem uma listra mais charmosa, nem jeito de requebrar mais elegante... E tem outra: por que galinha gosta tanto assim de minhoca? Já a minhoca faz 200 quilômetros por hora quando bate os olhos na galinha! (Eu disse olhos? Minhoca tem olhos?) Até que podia brotar daí uma bela amizade... Vai entender cabeça de minhoca e de galinha! Ali não nascem cabelos nem neurônios!

Pro próprio destino cavar
Túnel com luz no fim
É preciso mergulhar de cabeça
E não vale usar enxadas
Mas, sim, ideias e sonhos-cambalhota
E não deixar nunca, preste atenção, eu disse nunca!...
Que a felicidade desista da gente.


O Pássaro das Sombras

04/02/2020

De sol a sol


Difícil tirar um cochilo depois do almoço com essa barulheira! Alguém acha fácil pregar os olhos estando perto delas? Vizinhas mais malucas, mais alucinadas por trabalho!

Juntas, as formigas parecem uma locomotiva desembestada cheia de vagões, em linha reta e linha torta. E, mesmo de bico fechado, não deixam de causar tumulto na mexida frenética de operárias dedicadas. Às vezes, preferem caminhar em ziguezague. De vez em quando, buscam outra direção. Para manterem a rota, escalam um galhinho, contornam uma pedra "gigante". Por vezes, partem em mil pedaços o silêncio. É que as formigas encontram no sentido oposto outras comadres trabalhadeiras. E aproveitam o momento para um cochicho, para uma troca de confidências. Segredo assim deixa logo de ser segredo, não acha? Afinal, o que uma fica sabendo sai logo multiplicando para o resto da fila.

Formiga é bicho curioso. Será que duvida das coisas? Acha formiga um inseto fofoqueiro? O encontro rapidinho, entre um passo e outro, pode bem ser somente um “Oi, que saudade de você! Tudo bem? E a família? Só crescendo, né!...”

Será que trocam dicas sobre o tempo? Formiga entende de meteorologia? Deve entender, ora! Porque, no frio, elas correm pra dentro e ficam só festejando sabe-se lá o quê e devorando o que carregaram, a duras penas, o verão todinho! Correm o risco de virarem umas formigas fofas, umas tanajuras de bumbuns gorduchos. Comer e dormir. Dormir e comer. Minha nossa!

Que vontade de conhecer uma casa de formiga só pra saber se dentro dela tem luz elétrica. Quando chove, não entra nem uma gotinha d’água? Aposto que entra. Vai ver todas têm curso de mergulho. Além de boas nadadoras, devem ter visão raio-x, raio-y e raio-z! Se não fosse assim, como poderiam enxergar no escuro? Já sei! Bem na hora do jantar, elas acendem velas ou usam uma lanterna a pilha.

E a formiga lava-pés? Tem muito nojo de chulé? Tão miúda e tão zangadinha! Meu desejo é dar no pé na hora em que aparece um montão delas doidas pra subir na gente. Dóóóói! As picadas deixam as pernas empoladas! E depois coooça... e coça... e...

Enquanto a gente pensa nisso tudo, formiga não brinca em serviço. Não descansa nem pisca! É com chuva, frio ou sol de rachar mamona! Ih, lá se foram, enfileiradas e apressadas, se enfiando no buraco e sumindo debaixo do chão!

Se o mistério andasse em fileira
Era fácil segui-lo até o fim
E descobrir que esconde verdades ou mentiras
Que a cabeça da gente inventa todo dia
Porque gosta de passatempo
Mas também seria triste ter de caminhar a vida toda em linha reta
Pois os dias vividos não são assim
Tudo é ziguezague, é morro, é plano também
É labirinto que abriga, em uma esquina-surpresa,
A felicidade que o coração deseja
Com ansiedade de menino.

O Pássaro das Sombras
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01/02/2020

Calmos ponteiros


A vida pode ser boa 
Mas seria melhor ainda 
Se caminhasse lentinha, manhosa 
Se as casas tivessem alpendres de sol 
Se os quintais se abrissem em janelas pro resto do mundo 
E se o mar e os caracóis seguissem trilhas pra se perder 
E que sempre encontrassem, quando quisessem, os caminhos de volta.

O Pássaro das Sombras

27/01/2020

Rimando alegria


Já que as férias ainda não acabaram, que tal a gente brincar de fazer poesia?
Use sua imaginação!

O Pássaro das Sombras

23/01/2020

Notícia de pipa

Foto: Cemirim
“Clarabela, uma pipa da rabiola comprida, viveu momentos dramáticos na última sexta-feira. Ela ficou presa por duas horas em um cabo de alta tensão, perto de um poste, nas proximidades da rua do Sabão, no bairro Paraíso dos Ventos. Testemunhas contam que outras pipas tentaram socorrê-la, mas acabaram desistindo, porque ventava forte no local e elas também corriam o risco de ficarem agarradas ao fio.

Paulinho, de apenas dez anos, dono de Clarabela, tentou resgatá-la, usando uma pedra amarrada na linha. Foi logo impedido por populares de continuar o salvamento, pois se arriscava a levar um choque.

Desesperada, a pipa gritava por socorro. De vez em quando, dirigia a seu dono calorosos xingamentos. Segundo a vítima, Paulinho já havia sido advertido sobre o perigo de soltar pipas perto da rede elétrica, mas nunca ligou pra isso.

Após horas de desespero, um final feliz. O próprio vento desembaraçou Clarabela. A pipa foi levada ao hospital em estado de choque, onde se recupera do susto. De lá, seguiu para uma clínica de repouso, a fim de se livrar do trauma.

O drama de Clarabela não é um caso isolado. Nas férias, centenas de pipas em todo o país ficam presas em fios, árvores e antenas de tevê. Várias são forçadas a duelar com outras pipas e papagaios. E, por causa do perigoso cerol, suas linhas são facilmente cortadas; com isso, muitas permanecem para sempre perdidas, vagando pelo céu.

As autoridades já pensam em responsabilizar os garotos que continuarem pondo em perigo a vida das pipas.”

Pedro Antônio de Oliveira
(O Pedro é autor do livro "Oreosvaldo, o Pássaro das Sombras" (Editora Lê)


ATENÇÃO! DICA IMPORTANTE DO PÁSSARO DAS SOMBRAS:

Olá, pessoal! É tempo de férias e de se divertir, mas... soltar pipas perto da rede elétrica é o maior perigo. Além disso, muita gente por aí anda usando cerol, que é aquele vidro moído misturado à cola, para cortar a linha de outros papagaios de seda. Isso não é legal porque a linha cortante acaba ferindo gravemente crianças e adultos. A chamada "linha chilena", então, é terrível! Vários motoqueiros já morreram atingidos por essa linha! Pense em você e nas outras pessoas também! É possível brincar com segurança!

16/01/2020

Água preciosa


É tempo de chuva por aqui.
Há dias de sol também.
Vou pra piscina, vou pro mar.
Ou ficar bem quietinho em casa
a sonhar, a sonhar!...

O Pássaro das Sombras

O rato


O rato quer se casar. E agora?
Ah... eu adoro essas histórias de amor!

O Pássaro das Sombras