31/12/2018

É a baleiaaaaaaa!


Os habitantes do fundo do mar nunca maltratam a terra, 
a gente precisa aprender com eles lá 
viver num mundo sem guerra.

Cláudio Fraga

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20/12/2018

O dia em que encontrei o verdadeiro senhor Noel


Queria tanto que fosse ele. É claro que não sou bobo nem nada de ficar acreditando naqueles impostores que invadem a cidade em dezembro: barriga de mentira, barba de mentira, gargalhada de mentira... Tudo de mentira! O verdadeiro não ficaria por aí, dando sopa. Só deve deixar o Polo Norte na noite de Natal, e olhe lá!

Que aquele era especial, isso era! Veio ao meu encontro, andando bem devagar. Surgiu de um modo misterioso, que nem faria o genuíno senhor Noel. Me olhou com a intimidade de quem me conhecia há milênios. E se inclinou com dificuldade para falar baixinho ao meu ouvido: “Oi, como vai?” Levei um susto, mas um susto!... Depois perguntou (do jeitinho que o original perguntaria): “Quer ganhar o quê, neste Natal?”.

Uaaauuu!... Me arrepiei todo. Só podia ser ele! O autêntico! O próprio! O real! Foi direto ao assunto. Não ficou rodeando, me oferecendo balas e sorrisos, muito menos olhou pros meus pais primeiro, querendo agradar ou fingir cara boa. Dava a entender que estava com pressa, só precisava saber mesmo o que eu estava a fim de ganhar no Natal.

Na hora fiquei um pouco com vergonha de dizer ali, no meio do shopping, uma coisa assim tão íntima, tão confidencial... Ora, o presente que a gente quer ganhar só se fala pra mãe, pro pai e pro Papai Noel de verdade!

E se não fosse ele? Achei melhor não arriscar! Só que acabei contando tudo, sem ter certeza absoluta de sua identidade: “Uma bola de futebol e um disco do Balão Mágico”. Que raiva! Minha cara queimou! E se eu estivesse diante de mais um dos milhares de falsos Noéis que vivem abusando da confiança das pobres criancinhas iludidas?

Mas um detalhe me chamou a atenção! As luvas dele estavam muito sujas! O verdadeiro Papai Noel jamais calçaria luvas tão encardidas (a menos que tivesse trocado os pneus do trenó ou temesse uma crise hídrica)! Decepção! “Ainda não foi dessa vez”, pensei. Será que, um dia, teria a sorte de estar diante do legítimo?

Ele foi embora, depois de plantar uma pulga enorme e cabeluda atrás de minha orelha esquerda. Aquele Papai Noel duvidoso tinha tudo pra ser um Papai Noel cem por cento verdadeiro. Mas e as luvas? Alguém me explica se o Bom Velhinho pode mesmo ter luvas tão imundas como aquelas? No Polo Norte, por acaso faltam água e sabão?

Algumas suposições sobre as luvas sujas do Noel:

1 – Só o Papai Noel original cumprimentaria todos os meninos e todas as meninas do planeta. De tanto pegar nas mãos das crianças, ele ficou com as luvas emporcalhadas;

2 – Talvez, se ele estivesse de luvas limpas, branquinhas, seria facilmente reconhecido pela meninada e não conseguiria andar livremente pelo shopping. Porque aí, sim, a molecada iria ter certeza de quem ele era. Ia aparecer gente demais pedindo autógrafo, foto e presente;

3 – O Papai Noel ainda não conhece aquele famoso ditado: “Uma mão lava a outra”;

4 – Nenhuma das alternativas acima;

5 – Todas as alternativas acima;

6 – Vou pensar mais um pouco (porque agora me deu um nó na cabeça!). Ho-ho-ho-ho!

Pedro Antônio de Oliveira

15/12/2018

A impala e o caracol - conto africano

Ilustração: Bruna Assis Brasil

O caracol estava invocado. Não aguentava mais a impala zombando dele, dizendo para todos os bichos da savana que ele era devagar, quase parando.

Certo dia, enchendo-se de coragem, o caracol propôs:

– Quer apostar uma corrida comigo, impala?

– Hããã… – a impala pensou, e, rindo por dentro, aceitou.

Seria um dia histórico. O caracol, que sabia ler e escrever, mandou uma carta para os outros caracóis. A carta dizia assim:

“Amigos caracóis, por muito tempo fomos humilhados pelos antílopes nesta savana. Eles são orgulhosos e vivem zombando do nosso jeito vagaroso de andar. Chegou a hora de acertarmos as contas. Neste domingo, peço que cada um de vocês ocupe um lugar na estrada reta, que vai até o rio fundo, para uma longa e diferente corrida. Quando a impala passar e chamar ‘caracol’, todos devem responder ‘aqui’.”

No dia marcado, impala e caracol estavam prontos para correr. A impala fazia muitos exercícios de alongamento, espichava-se toda, muito exibida. Já o caracol, usava um tênis roxo e parecia tranquilo.

Foi dada a largada e o caracol deixou a impala sair na frente. Escondeu-se em um arbusto e, quando a impala chamou por ele, respondeu:

– Estou aqui!

Assim foi ao longo de toda a estrada. Não sabia a impala que em cada arbusto havia um caracol igualzinho ao amigo corredor. Quando ela perguntava:

– Caracol?

O caracol mais próximo respondia:

– Estou aqui!

Embora estranhasse o fato de o caracol estar sempre tão perto, a impala estava tão determinada a vencer a corrida que resolveu deixar de lado a sua cisma.

Mas, a certa altura, a impala estava exausta de tanto correr. Sem ver o caracol ao seu lado, resolveu parar um pouco antes do rio fundo para recuperar o fôlego. Mas quando a impala olhou para a frente, viu um caracol triunfante completando a corrida.

O caracol venceu e até hoje a impala não sabe como isso aconteceu. O importante é que os dois se tornaram grandes amigos e todo domingo correm juntos!

Revista Ciência Hoje das Crianças (CHC)

Esse conto popular africano foi escrito em estilo fábula, uma história que tem como personagens principais os bichos. Nessa história, livremente adaptada pela CHC, nem a impala estava certa por zombar do caracol, nem o caracol foi correto ao enganar a impala. Mas… pelo menos, nasceu uma amizade.